Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio de uma caricatura, algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de origem francesa e significa carga, ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco. Muito utilizadas em críticas políticas no Brasil. Apesar de ser confundido com cartoon (ou cartum), que é uma palavra de origem inglesa, é considerado como algo totalmente diferente, pois ao contrário da charge, que sempre é uma crítica contundente, o cartoon retrata situações mais corriqueiras do dia-a-dia da sociedade.
Mais do que um
simples desenho, a charge é uma crítica político-social onde o artista expressa
graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas através do humor
e da sátira. Para entender uma charge não precisa ser necessariamente uma
pessoa culta, basta estar por dentro do que acontece ao seu redor. A charge tem
um alcance maior do que um editorial, por exemplo, por isso a charge, como desenho
crítico, é temida pelos poderosos. Não é à toa que quando se estabelece censura
em algum país, a charge é o primeiro alvo dos censores.
O termo charge vem
do francês charger que significa carga, exagero ou, até mesmo ataque violento
(carga de cavalaria). Isto significa aqui uma representação pirctográfica de
caráter, como diz no primeiro parágrafo, burlesco e de caricaturas. É o
cartoon, mas que satiriza um certo fato, como idéia, acontecimento, situação ou
pessoa, envolvendo principalmente casos de caráter político que seja de
conhecimento do público.
As charges foram
criadas no princípio do século XIX (dezenove), por pessoas opostas a governos
ou críticos políticos que queriam se expressar de forma jamais apresentada,
inusitada. Foram reprimidos por governos (principalmente impérios), porém
ganharam grande popularidade com a população, fato que acarretou sua existência
até os tempos de hoje-em-dia.
Charge de Honoré Daumier, “Gargantua”, litografia, 1831. Por causa dessa
charge, do Rei da França como Gargantua, Daumier ficou preso seis meses no Ste
Pelagic em 1832.
PRIMEIRA
CHARGE NO BRASIL
Manuel
de Araújo Porto-alegre foi o primeiro artista
a publicar uma charge no Brasil. Entre 1837 e 1839, de volta de
sua viagem à Europa, Manuel de Araújo Porto-alegre produziu uma série
de litografias satíricas que eram vendidas em unidades separadas nas ruas
do Rio de Janeiro. A primeira, intitulada A campainha e o cujo, circulou em 14 de dezembro de 1837, vendida
por 160 réis, mas não fora assinada (sua autoria só seria reconhecida
posteriormente) e apresentava Justiniano José da Rocha, diretor do
jornal Correio Oficial, ligado ao governo, recebendo um saco de dinheiro.
Nesse mesmo ano, o
artista escreveria a peça Prólogo dramático,
podendo, pois, ser considerado, sem grande margem de erro, o
primeiro dramaturgo brasileiro, já que tanto o Barroco como
o Arcadismo, além da fase inicial do próprio Romantismo, foram, na
literatura, movimentos eminentemente poéticos.
Porto-alegre lançou
ainda, em 1844, a revista Lanterna Mágica, primeira publicação
de humor político da imprensa brasileira, que circulou por onze
edições, incorporando a charge e a caricatura, que deixaram assim de ser
vendidas separadamente. A publicação, que tinha o subtítuloPeriódico plástico-filosófico, apresentava dois personagens que criticavam as
situações do momento, Laverno e Belchior, à semelhança dos tipos Robert Macaire
e Bertrand, criados pelo caricaturista francês Honoré Daumier e que tinha
em Rafael Mendes de Carvalho seu principal desenhista.
Também deixou
outras obras, entre elas, Colombo, Brazilianas e a Estátua Amazônica.
QUEM FOI ELE
Manuel José de
Araújo Porto-alegre, primeiro e único barão de Santo Ângelo(Rio
Pardo, 29 de novembro de 1806 — Lisboa, 30 de dezembro
de 1879), foi um escritor do romantismo, político e jornalista
(fundador de várias Revistas, dentre elas a “Revista Guanabara”, divulgadora do
gênero literário romântico e “Lanterna Mágica”, publicação de humor
político), pintor, caricaturista, arquiteto, crítico
e historiador de arte, professor e diplomata brasileiro.
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